Proprietários apostam na valorização de imóveis.
Moradores de terrenos invadidos temem desapropriação.
(à direita) acreditam na valorização dos imóveis
(Foto: Letícia Macedo/G1)
A vizinha dela e também dona de casa Ivanilda Cereda, de 57 anos, também vai apostar na valorização do seu imóvel, embora sua decisão não tenha sido motivada apenas pela construção do estádio. “Eu comprei minha casa há cinco anos. Paguei mais ou menos R$ 100 mil e queria pedir R$ 250 mil, mas tirei até a placa, porque não compensa vender agora, não”, disse.
Valorização
Entre as obras previstas para o Polo Institucional de Itaquera estão uma nova avenida de ligação Norte-Sul, no trecho entre a Avenida Itaquera e a Nova Radial, e a uma avenida que vai articular a ligação Norte-Sul com a Avenida Miguel Inácio Curi. Os investimentos também preveem a instalação de um Fórum Judiciário, uma rodoviária, uma Fatec e o Parque Linear Rio Verde.
notícia para o mercado imobiliário
(Foto: Roney Domingos )
Segundo Schon, fechar negócios com imóveis residenciais ficou mais difícil. Os donos de casas e apartamentos em Itaquera querem aproveitar a súbita valorização do bairro, mas esbarram ainda na falta de crédito de quem deseja comprar. O valor do metro quadrado residencial passou de R$ 450 para R$ 800 nos últimos 12 meses. O problema é que a renda dos compradores não acompanha o salto na valorização e os mecanismos de crédito não conseguem compensar a diferença. "Antes, quem tinha renda de R$ 4 mil conseguia comprar um apartamento de R$ 80 mil. Agora o valor desse apartamento passou para R$ 120 mil. E o financiamento não chega lá", afirmou.
De acordo com o corretor, Itaquera ainda não consegue competir com bairros vizinhos, mais próximos ao Centro. "Se for para pagar esse preço, quem tem renda melhor vai para o Carrão", afirmou.
A procura de pequenos e médios empresários por terrenos e galpões comerciais no bairro aumentou cerca de 25% nos últimos 12 meses e o preço do metro quadrado deste tipo de imóvel subiu de R$ 650 em média para cerca de R$ 1 mil, segundo Schon.
Acostumado com negócios em bairros da Zona Leste mais próximos ao Centro, o gerente de vendas da imobilária Special, Antonio Martinez, disse que os preços dos imóveis subiu muito em Itaquera. "Não digo que o bairro tenha ficado nobre, mas os preços subiram mais de 50% no último ano", afirmou. Ele afirmou que um apartamento dentro de um dos conjuntos residenciais vizinhos ao estádio - antes avaliado em cerca de R$ 90 mil - agora não sai por menos de R$ 120 mil. "Está havendo uma expansão em Itaquera e acredito que isso tem a ver com a construção do estádio e com o aquecimento do mercado imobiliário", afirmou.
teme desapropriação (Foto: Letícia Macedo/G1)
Nem todos os moradores de Itaquera, no entanto, estão eufóricos com as mudanças previstas para o bairro. Na avaliação da comerciante Juliene da Conceição, de 41 anos, que mora há 12 anos na Favela do Metrô, na Avenida Miguel Inácio Curi, a perspectiva de ficar desalojada traz insegurança para os moradores do terreno invadido. “A tendência é piorar para a gente. Eu tenho medo do que vai acontecer”, disse a comerciante, que há três meses montou um bar no terreno invadido.
O marido de Juliene, o lavador de roupas Eduardo da Silva Rodrigues, de 43 anos, participou de reunião com lideranças locais sobre as mudanças para Itaquera, mas disse não ter sido informado do que vai acontecer com ele e seus vizinhos. “O pessoal está cismado. Não se sabe ainda quem vai indenizar, para onde a gente vai”, declarou.
(Foto: Letícia Macedo/G1)
Prefeitura
A Secretaria Municipal de Habitação (Sehab) informou, em nota, que já possui um plano de urbanização para duas favelas localizadas no entorno da área onde será construído o estádio em Itaquera: a Favela da Paz, que engloba áreas invadidas dos dois lados da Avenida Miguel Inácio Curi, e para a Agreste de Itabaiana, próximo à Avenida Águia de Haia.
A Prefeitura estima que 300 imóveis devam ser desocupados na Vila da Paz no 2º Quadriênio (2013-2017) do Plano Municipal de Habitação (PMH). Já na favela Agreste de Itabaiana, 140 imóveis devem ser desalojados no 4º quadriênio (2020-2024). Assim, para ambas, não existe, por enquanto, qualquer intervenção programada por parte de Sehab.
Ainda de acordo com a Prefeitura, os moradores que forem deslocados serão cadastrados e receberão aluguel-social até que consigam se instalar em moradia definitiva. A Prefeitura não informou se a escolha de Itaquera para a construção do estádio que poderá sediar o jogo de abertura da Copa de 2014 poderá adiantar os programas de urbanização da região.
FONTE G1
Nenhum comentário:
Postar um comentário